quarta-feira, 4 de julho de 2012

abundantemente esperança

preciso quero sinto é inevitável imprescindível inesgotável a vontade de deixar a esperança seguir como pluma para longe desses olhos marrons de vento e folhas soltas nos quintais do mundo tão imenso imerso no tempo da memória que as vezes penso que esperança não existe como esperança essa que se foi cedeu lugar e se cristalizou como escultura de barro fabricado pela mente só sei pensar que a esperança só existe enquanto movimento que voa a esperança só pode ser viva a esperança é a alma da coisa que sente e fala e move o ar ao redor e quando não dá mais ela vai voar e fica apenas a imagem da coisa desejada como se houvesse ainda alguma coisa e não ficou nada apenas a imagem da coisa desejada como objeto que engana e se ficarmos muito tempo parados já não veremos mais nada pois ela é movimento e parece que é cega e não liga mesmo para nós pois ela não espera conosco e ela é ar esperto e puro os que vivem a esperança viva e vivem no presente algo que só pode ser agora a esperança morta não existe mais isso é coisa da imaginação que pensa que esperança é amiga quando só sabe voar e não sabe esperar coisa que se passa e passa mesmo não pode ser como o maracujá que apodrece na gaveta é preciso de ar pra voar junto com ar que o sol não te espera estar pronto pra nascer de novo na boca do dia novo esperança fruta que não desperdiça viagem verde verde perto da noite clara quando tudo é mais quieto e a noite madura é madrugada a esperança que não vive enclausurada quando pensa que é esperança já se transformou em desespero e fica nada só o tempo parado fantasiado a ser esperança o que já é mofado ela é nossa amiga e por isso não nos espera e está sempre além das desilusões a esperança corre pro futuro é fruto e é maduro e nos quer rente dessa vida quente de acontecimentos e quem guarda tudo não sublima o impossível então deixa ser possível que ela esteja viva vivendo liberta vencendo mares sendo mares que amores sempre virão a praia quando pensares e sentires que o tempo não tolera cimento no coração a esperança não espera a esperança não espera a esperança não espera.